quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A navegação na bacia do paraná e a integração do antigo sul de mato grosso ao mercado nacional - Paulo Roberto Cimó Queiroz

Este trabalho trata da navegação comercial na Bacia do Alto Paraná, em território do antigo Sul do Mato Grosso, (que corresponde ao Estado do Mato Grosso do Sul), durante a primeira metade do seculo XX. Abordando-se especialmente a região situada ao Sul da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, (caracterizada pela atividade de pecuária bovina e da extração da erva-mate), procura-se mostrar que nesta região, dada a ausência de outras ferrovias e a imprestabilidade das estradas de rodagem, a navegação fluvial desempenhou por algum tempo, um papel econômico relativamente importante em articulação com as ferrovias paulistas, (sobretudo a Sorocabana). Constituiu por um lado parte do esforço de expansão do capital sediado no pólo paulista, facilitando o abastecimento da região com gêneros de consumo, aí incluídos produtos da industria como da agricultura paulista. Por outro lado permitiu a exportação de erva-mate, tanto via São Paulo, como e principalmente via Baixo Paraná, em direção ao mercado argentino.

Revisitando um velho modelo - Contribuições para um debate ainda atual sobre a história econômica de Mato Grosso - Mato Grosso do Sul - Paulo Roberto Cimó Queiroz

A historiografia mato-grossense1 inicia-se, em sua versão considerada “tradicional”, pelo menos na primeira década do século XX (cf. Zorzato, 1998). Já no âmbito universitário, o ensino e a pesquisa em História são bem mais recentes. No espaço correspondente ao atual Mato Grosso do Sul, o ensino superior em História começou nos anos 1960, quando se formaram, nesse espaço, os núcleos que originariam as futuras universidades sul-mato-grossenses. A pesquisa, por sua vez, começou a desenvolver-se na década seguinte, quando a Universidade Estadual de Mato Grosso (que em 1979 se transformaria na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS) passou a enviar seus docentes aos programas de pós-graduação estabelecidos nos grandes centros brasileiros...
Foi portanto nesse contexto ainda inicial que, em 1984, Gilberto Luiz Alves (então mestre em Educação e docente da UFMS em Corumbá) publicou um extenso ensaio sobre a história econômica de Mato Grosso/Mato Grosso do Sul, intitulado: Mato Grosso e a história, 1870-1929: ensaio sobre a transição do domínio econômico da casa comercial para a hegemonia do capital financeiro. Rico em referências empíricas, fornecendo um amplo panorama das condições econômicas presentes em Mato Grosso/Mato Grosso do Sul durante longo período (que aliás ultrapassa os marcos indicados no título), o referido texto se destaca da produção acadêmica anterior pela maior preocupação em tentar fornecer uma  abrangente  explicação  da  natureza  e  das  causas  das transformações verificadas. Com tais credenciais, o trabalho de Alves tornou-se referência para jovens pesquisadores sul-mato-grossenses do campo das Ciências Humanas.

A Companhia Mate Laranjeira e seus fluxos mercantis (1891-1902) - Paulo Roberto Cimó Queiroz

A Cia. Mate Laranjeira (CML), uma sociedade anônima fundada no Rio de Janeiro, em 1891, com o fim de explorar os ervais nativos na porção sul do então estado brasileiro de Mato Grosso (porção aqui chamada SMT), organizou nessa época um vasto circuito mercantil interligandoas áreas de produção e consumo de sua erva-mate. A face mais conhecida desse circuito envolvia o SMT e a Argentina (o principal mercado consumidor da erva) e consistia nos fluxos de importação de gêneros de consumo dos trabalhadores e exportação de erva cancheada – o que era feito por meio de uma íntima cooperação com a firma bonairense Francisco Mendes & Cia. e de uma extensa utilização do sistema fluvial platino, sobretudo os rios Paraguai/Paraná. O presente texto, baseado em documentos originais da empresa (sobretudo os relatórios da diretoria), busca entretanto mostrar que esses fluxos atingiram níveis mais elevados de amplitude e sofisticação. Mostra-se que eles envolviam também, em grande escala, o território da República do Paraguai (tanto que, durante um certo tempo, a verdadeira sede operacional da empresa ficou estabelecida em Assunção) e evidencia-se sobretudo que a CML promoveu nessa época uma notável verticalização de suas atividades, mediante a aquisição de uma fábrica de beneficiamento da erva em Buenos Aires, e intentou ingressar ainda nos mercados de Montevidéu,do Rio de Janeiro (onde chegou a estabelecer uma outra fábrica, embora de menores dimensões) e até mesmo dos Estados Unidos da América.

Área de influência da Cia Mate Laranjeira

Em 1813, o ditador do Paraguai, Francisco Francia proíbe a exportação de erva mate e assim, torna-se o Brasil o único produtor e exportador de erva mate. Dessa forma, alguns comerciantes paraguaios e espanhóis vieram se instalar em terras paranaenses, montando engenhos para beneficiar o mate. Curitiba torna-se assim um centro de exportação, transformando a erva mate em uma das maiores riquezas nacionais.
O inicio da exploração dos ervais nativos se deu após a Guerra da Tríplice Aliança, contra o Paraguai. Com o inicio da demarcação dos limites entre Brasil e Paraguai, chefiada pelo Coronel Eneas Gustavo Galvão e apoiado por uma tropa de infantaria comandada pelo Major Antonio Maria Coelho e que tinham como um dos fornecedores de alimentos e gêneros para as tropas e a comissão, um gaucho chamado Tomas Laranjeira.  
Em 1882, Tomas Laranjeira conseguiu o monopólio de extração da erva mate através de uma concessão de dez anos em uma extensa região.
Quase a metade do atual estado do Mato Grosso do Sul esteve nas mãos da Companhia Matte Laranjeira. Iniciando com o Decreto Imperial 9692 de 31 de Dezembro de 1.886 e após incorporando novas terras devolutas até se tornar um estado dentro do Estado.
Maiores detalhes podem ser encontrados no artigo "A ERVA-MATE, SUA HISTÓRIA, SEUS ENCANTOS E DESENCANTOS", também neste blog.
No link abaixo pode-se visualizar a área de abrangência e influência da Cia Matte Laranjeira.

ERVA MATE : ORIGENS, COSTUMES E HISTÓRIA


Roberto Ave-Lallemant (1812-1884) visitando o Rio Grande do Sul em março de 1858, registra a importância folclórica da erva-mate: "O símbolo da paz, da concórdia, do completo entendimento – o mate! Todos os presentes tomaram o mate. Não se creia, todavia, que cada um tivesse sua bomba e sua cuia própria; nada disso! Assim perderia o mate toda a sua mística significação. Acontece com a cuia de mate como à tabaqueira. Esta anda de nariz em nariz e aquela de boca em boca. Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem, um pardo decente – o nome do mulato não se deve escrever; depois eu, depois o “spahi”, depois um mestiço de índio e afinal um português, todos pela ordem. Não há nisso, nenhuma pretensão de precedência, nenhum senhor e criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra cristã, um comunismo moral, uma fraternidade verdadeiramente nobre, espiritualizada! Todos os homens se tornam irmãos, todos tomam o mate em comum!"
(Viagem pelo Sul do Brasil, 1.º, 191. Rio de Janeiro, 1953). 

O Genero Ilex - Alternativas de sustentabilidade no uso de etnoespécies pelos Kaiowa e Guarani em Ms - Adriana Zanirato Contini

O presente trabalho objetiva investigar o papel etnobotânico de espécies do gênero Ilex no cotidiano dos índios Kaiowá e Guarani da Reserva Indígena de Caarapó, Mato Grosso do Sul. Pontuar os sinais indicativos de desenvolvimento ao longo de sua história, embasarão as sinalizações para desencadeamento do processo de desenvolvimento local desses povos, a partir do material botânico nativo em foco, também objetivo desta pesquisa. No primeiro capítulo, realizou-se uma contextualização histórica da Ilex paraguariensis St. Hil., a erva mate, a espécie mais utilizada do gênero pelos Kaiowá e Guarani; buscou-se, assim, delinear o papel desta espécie nos processos ocorridos, inclusive no concernente à colonização do sul do Estado.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

ITINERÁRIO DE UM DESTINO - DEMÓSTENES MARTINS

O povoamento de Mato Grosso foi a resultante do descobrimento das minas de ouro de Cuiabá pelos bandeirantes vindos de São Paulo na preia dos índios. Esgotados os depósitos auríferos aluvionais do Coxipó e do Sutil, o espírito ambulatório dos sertanistas imantou-se no sentido da posse das terras visualizada na fundação das fazendas para o apascentamento
dos rebanhos. Ademais, a posse de grandes tratos de terra dava ao sertanistas foros de opulência e de nobreza, a cepa do nosso coronelismo, que se assemelhava a um feudalismo achamboado, no dizer de Euclides da Cunha.
A movimentação da própria lida do pastoreio impunha a penetração de novos horizontes, num centrifugismo ampliador que desvendava paragens mais vantajosas, propiciando novas posses.
Foram as investidas dos sertanistas, nas pegadas das bandeiras paulistas, repulsadoras dos castelhanos das reduções erigidas à sombra da linha de Tordesilhas, que ensejaram as posses na região da Vacaria, no sul matogrossense.
Deve-se ao intimorato sertanista Joaquim Francisco Lopes o reconhecimento dessa região através das suas dezessete entradas, vindo de sua fazenda Monte Alegre, nas proximidades do rio Paraná, para as bodas do seu espírito de bandeirante com a virgindade de paragens ignotas. A ele deve-se a vinda dos Barbosas, dos Lopes e dos Sousas, os pioneiros do povoamento da Vacaria com os rebanhos que trouxeram. Foram eles os povoadores da região, que os paraguaios reivindicaram como de seu domínio. As suas posses entre os rios Apa e Miranda foram os marcos que assinalaram as raias do Império nesses lindes distanciados.
Com a invasão da região pelas tropas de Solano Lopez, a mando do coronel Francisco Isidoro Resquin, os posseiros tiveram que abandonar as suas fazendas até que, concluída a guerra em 1870, tornaram a elas, restaurando-as.
Assim, vindo de Monte Alegre, Minas Gerais, José Antônio Pereira aportou, a 21 de junho de 1872, à confluência dos córregos que mais tarde se chamariam de Prosa e Segredo, local que julgou adequado ao estabelecimento de sua posse, resolvendo aí ficar.
Decidido a fixar-se nessas paragens, retornou a Monte Alegre a fim de trazer dali os integrantes de sua numerosa família e os seus haveres, deixando na posse o poconeano João Nepomuceno, com quem se encontrara no local. Entrementes, este, aventurosa criatura, comete um crime, assassinando, numa disputa sobre a compra de uma rês para seu abastecimento, o fazendeiro de Camapuã Joaquim Mota, que o obrigou a refugiar-se da justiça, abandonando a posse, traspassando-a ao mineiro Manuel Vieira de Sousa que, numa caravana em que vinham vários familiares, rumava para o sertão em busca de terras para uma posse. Ressalvou, porém, o transferente, o direito que caberia a José Antônio Pereira,
caso retornasse este de sua viagem a Monte Alegre, que se dilatara das previsões estimadas.
Estabelece-se Manuel Vieira na posse e a 14 de agosto de 1875 vê chegar José Antônio Pereira conduzindo numerosa caravana composta de seis carros-de-bois atestados de bagagens, víveres, sementes e mudas de árvores frutíferas à frente de um lote de gado de criar e animais de campeio. Vinham, ao todo, entre familiares e escravos, 62 pessoas.
Esclarecida a situação criada com a fuga de João Nepomuceno, ocasionadora da transação que efetuara, entenderam-se os posseiros e permaneceram no local onde realizaram, para acomodação de todos, a construção de vários ranchos ao longo do atual córrego do Prosa, que seria mais tarde, a rua que se denominaria 26 de Agosto.
Lançadas as construções que, dessarte ganhariam aspecto de povoado, prestes ele se desenvolveu, mercê de sua posição que era a de ponto de apoio naquelas ermas paragens para os que da Vacaria demandavam Camapuã, no caminho para Santana do Paranaíba, em busca das terras de Minas Gerais, pela via terrestre, ou as de São Paulo, pela via fluvial do rio Pardo. Concorreu também para o seu progresso a construção de uma igrejinha com que se desobrigara José Antônio Pereira de promessa feita a Santo Antônio, quando, no seu trajeto para a nova terra, fora detido, em Santana do Paranaíba, por um surto de malária ali dominante.
Os moradores de distanciadas regiões vinham no fervor de sua crença trazer à imagem do taumaturgo de Pádua as oblatas das suas preces e os rogos para as suas aflições.
No seu panteísmo de crente de Santo Antônio e na moldura do ambiente físico da gleba em que se instalara, José Antônio dá-lhe o nome de
Santo Antônio de Campo Grande. Era, realmente, grande, mesmo imenso, o desafogado campo em que se situara.
Fortalecido pela sua expressão demográfica que se vai adensando, o local ganha foros de povoado. Em 1878 vem da vila de Nioaque o padre Julião Urquia rezar a primeira missa, sob a invocação de Santo Antônio, e realizar casamentos e batizados em cerimônias festivas que se celebraram no dia 4 de março. De então em diante, o velho cura incluía sempre
o povoado de Santo Antônio de Campo Grande nas suas desobrigas pelos
sertões, na semeadura da fé cristã.

Organização política

A Lei n. 792, de 22 de novembro de 1889, promulgada pelo presidente da província – a notícia da proclamação da República, a 15 de novembro, somente chegou a Cuiabá a 9 de dezembro de 1889 – ainda atreita à divisão administrativa imperial, criou a freguesia de Santo Antônio de Campo Grande, pertencente ao município de Nioaque.
Instituída a república, a Lei n. 165, de 6 de março de 1897, transferiu a freguesia da jurisdição da comarca de Nioaque para a de Miranda.
Com a fundação do povoado de Aquidauana, em 15 de agosto de 1892, às margens desse rio, um dos afluentes do Miranda que, por sua vez, é um dos tributários do Paraguai, mais um elo se acresceu à cadeia de comunicações que Campo Grande centralizava. É que aquele povoado, implantado à margem do rio navegável, seria o porto por onde os habitantes do planalto, especialmente da Vacaria, receberiam as utilidades de que careciam, transportadas pela via fluvial servida de lanchas a vapor rebocando chatas.
Essa via fluvial era o caminho mais propício às viagens à capital do Estado, Cuiabá, e Rio de Janeiro, os dois pólos de relações políticas, administrativas e comerciais do novel centro de população que dia a dia ganhava desenvolvimento. Destarte, a estrada para Aquidauana passou a ter intensa movimentação de carros e carretas-de-bois transportadoras de mercadorias, suplantando, assim, o comércio que se fazia com a distante Conceição, no Paraguai, empório da região da Vacaria.

O município

Continuando a desenvolver-se, a freguesia foi elevada à categoria de vila, constituindo um município da comarca de Nioaque pela Lei n. 225, de 26 de agosto de 1899, data festivamente comemorada como o dia da cidade.
Criado o município, foi nomeado seu primeiro intendente (hoje prefeito), Francisco Mestre, pelo governador (então presidente) do Estado, um dos mais esclarecidos e intelectualmente capazes cidadãos da nova comuna.
A amenidade do clima, a fertilidade do solo, a posição geográfica ensejadora de um dominante centripetismo na região, a força da atração do convívio humano nessas paragens solitárias, foram as parcelas que deram vitalidade, destaque e importância à vila de Santo Antônio de Campo Grande, já na posse de foros de município, no dealbar deste século
(século 20).
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CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO DE PONTA PORÃ - JOSÉ BARBOSA RODRIGUES

Na década de trinta, quando o movimento em prol da divisão de Mato Grosso viveu talvez a mais intensa e exaltada fase de sua história, é que ocorreu a realização, em parte, do seu desideratum. Deu-se isso em 1943, no dia 13 de setembro, quando o governo federal, então presidido por Getúlio Vargas, houve por bem criar cinco territórios federais, sendo dois com áreas do território de Mato Grosso – Ponta Porã e Guaporé (hoje Estado de Rondônia). O primeiro na fronteira com o Paraguai e o segundo na região fronteiriça com a Bolívia. Os demais foram Amapá, Rio Branco e Iguaçu. O de Ponta Porã e o de Iguaçu tiveram existência efêmera.
A criação dos cinco territórios teve origem no mesmo decreto-lei presidencial, de n. 5.812, publicado no Diário Oficial de 29 do mesmo mês e ano. Desmembrado de Mato Grosso, passaram a integrar o Território os municípios e distritos de Ponta Porã (capital), Maracaju, Porto Murtinho, Nioaque, Bela Vista, Dourados e Miranda.
A administração territorial, de acordo com o Decreto-Lei n. 5.839, de 21 de setembro do mesmo ano, seria a mesma do Estado do qual fora desmembrado. No ano seguinte, a 5 de janeiro, o coronel Ramiro Noronha foi nomeado governador do Território e, a 31 do mesmo mês, chegou a Ponta Porã, instalando o seu governo.
Foi assim que expressiva parcela da área territorial mato-grossense, praticamente desbravada e povoada por famílias vindas do Rio Grande do Sul, onde por primeiro se ouvira, no século anterior, o brado separatista, libertou-se dos liames que a prendiam à longínqua Cuiabá. Coincidentemente o chefe do governo federal era também de origem sul-riograndense.
A criação do Território de Ponta Porã, apesar de ser uma vitória para uns, foi decepcionante para ponderável parcela da região sul-mato-grossense, que tanto se batera pela separação da região norte. Todavia, restava a esperança de que esse fora o primeiro passo para a almejada divisão do Estado. Em decorrência da criação do Território, justas e insopitáveis demonstrações de euforia tomaram conta da gente fronteiriça e um seu ilustre filho (Hélio Serejo) assim registrou o acontecimento: “Gente nova chega todos os dias. Aos magotes. A fronteira faz rebrilhar os seus olhares curiosos. A vivência paraguaia impressiona a todos: costumes, fala e hospitalidade.
As cidades são irmãs: se entendem magnificamente. O que encanta a gregos e troianos. Mas... a cidade vaidosa, que carrega a esbelteza, é a brasileira. Por quê? Porque é a capital com todas as honras. Foi decisão do eminente Dr. Getúlio Vargas, Presidente da República. Nós
lhe somos gratos – gratos de verdade, ao ilustre e buenacho filho de São Borja. Gaúcho de muita fibra, que ama, com sinceridade, o nosso querido Mato Grosso, querência de milhares e milhares de gaúchos macanudaços.” Instalado o governo territorial, este passou a cuidar da sua organização administrativa e judiciária. Comarcas e municípios foram criados, não faltando especial atenção para com o ensino primário então praticamente inexistente na região.
A fim de facilitar o aproveitamento das férteis terras da nascente povoação de Dourados, o governo federal, pelo Decreto n. 5.941, de 28.10.43, implantou a Colônia Federal de Dourados, no município de Ponta Porã, numa área de trezentos mil hectares, dividida em dez mil lotes de trinta hectares cada, que foram cedidos a colonos, o que deu grande impulso à região com a colocação de inúmeras famílias de agricultores, principalmente nordestinos, o que ensejou alguns anos depois o surgimento de povoados e a criação de prósperos municípios que constituem a hoje denominada Grande Dourados. Esta Colônia deveria ter sido criada um ano antes, em 1942, em decorrência de sugestão do Ministério da Agricultura,
não fora a atitude adotada pelo interventor federal em Mato Grosso – bacharel Júlio Müller, que negou a cessão da área pretendida, sob a alegação de que ela deveria ser localizada na região norte do Estado...
Foi essa atitude do então interventor recebida pelos sulistas como mais uma demonstração de que o que fosse bom para o sul não o era para o norte. Getúlio Vargas, que na sua visão de estadista sempre esperava o momento oportuno para efetivar o que planejara, exarou, na ocasião, lacônico despacho nos seguintes termos: “Não querendo o Estado fazer cessão das terras escolhidas pelos técnicos do Ministério da Agricultura, não pode ser criada a Colônia. Rio, 19.02.942.”
A 17 de novembro de 1945, o governador Ramiro Noronha, que demonstrara ser possuidor de alto tino de administrador, deixou o governo do Território, em virtude de exoneração solicitada. Substituiu-o o major José Guiomar dos Santos, que logo depois foi substituído pelo médico José Alves de Albuquerque.
No ano de 1946, promulgada a nova Constituição Federal, esta trouxe no seu capítulo de Disposições Transitórias, artigo 8.°, a extinção do Território de Ponta Porã, voltando a sua área a integrar o Estado de Mato Grosso.

Foi decepcionante para os territorianos a decisão constitucional. Em conseqüência, a esperança de que o sonho separatista um dia se concretizasse voltou a ser uma constante no seio de toda a população que mourejava acima da torrente do Paraná.

A IMIGRAÇÃO GAÚCHA - JOSÉ BARBOSA RODRIGUES

Ao mesmo tempo que a região de Mato Grosso, após a guerra do Paraguai, começava a ser repovoada, o Estado do Rio Grande do Sul era teatro de lutas políticas sangrentas a partir de 1891, perdurando até 1895, quando se extinguiu a Revolução Federalista. Os vencidos, principalmente, haviam se refugiado nas repúblicas vizinhas – Uruguai, Argentina e Paraguai – de onde muitos, temorosos de represálias ou cansados das lutas em que se empenharam, decidiram emigrar para Mato Grosso.
Foi assim que muitos rio-grandenses que fizeram história no Rio Grande deixaram o seu nome inscrito na historiografia de Mato Grosso do Sul. João de Barros Cassal, advogado, coronel Bento Xavier, Antônio Inácio Trindade, capitão honorário do Exército brasileiro, que promoveu intercâmbio entre Mato Grosso e o Rio Grande; Joaquim César, Constantino
de Almeida, Felipe de Brum, Davi Medeiros, Policarpo d’Ávila, Pedro Gomes de Oliveira, José Leite Penteado, Antônio Falcão, os Loureiros, Antunes e, além de muitos outros, Augusto Ilgenfritz5.
5. Este gaúcho resoluto toma a decisão de, saindo de São Tomé
(RS), atingir a região mato-grossense pedalando uma bicicleta...
Extenuado, chega a Posadas (Argentina) com o veículo às costas,
vencido pelos areais das estradas... Prosseguiu, até onde pôde,
por ferrovia. Mas veio!
Sozinhos, ou acompanhados de familiares, muitos foram os rio-grandenses que cruzaram, durante meses de caminhada, partes dos territórios da Argentina e Paraguai, a cavalo ou em carros-de-bois, até mesmo a pé, antes de chegarem a Mato Grosso. Historiadores rio-grandenses calculam em dez mil o número de gaúchos vindos no final do século 19 e início do século 20 para a região então assinalada como Nova Querência.
O escritor gaúcho Mário Beck esclarece que essa marcha era feita em quatro escalas ou paradas: a primeira em Posadas, na Argentina; a segunda em Encarnación (Paraguai); a terceira em São Joaquim, divisor das águas do Paraná e Paraguai; a quarta, em Ipeum (atual Paranhos), já em Mato Grosso do Sul. Durante a marcha, “crianças, cachorros e potrilhos
iam nascendo”6.
6. “Ali encontraram os nossos coestaduanos, topografias, climas,
meios enfim, análogos aos de suas terras natais. Os mesmos horizontes largos das imensas campinas! A mesma sinuosa cadeia
de coxilhas! Largas pastagens à criação do gado! E o chimarrão?
Sem ele o gaúcho não se aclimataria. Mas ali existem enormes ervais... E também a cuia espumando num amargo, foi mais um
atilho que prendeu o guasca ao chão da Nova Querência.” (Mário
Lima Beck, NOVA QUERÊNCIA – Crônica das emigrações rio-grandenses para Mato Grosso, p. 18, Livraria Selbach, Porto
Alegre, 1935).
A primeira notícia da presença do rio-grandense na região pantaneira data do final do século 19, segundo o relato colhido em 1904 pelo viajante checo A. V. Fritch, feito por um “médico-feiticeiro caduveo” (o pajé Apatxaro), relato este mais recentemente divulgado por Loukotka7 que afirma terem os gaúchos estado na região do Nabileque, sob o comando do coronel Benito Chovier8, a chamado de Malheiros, senhor de Barranco Branco, para combaterem os índios cadiueus. Textualmente, diz o relato: “Afinal, Malheiros tratou com o coronel Benito Chovier que lhe acudiu com os refugiados do Rio Grande do Sul. Eles tinham fugido da revolução e levado consigo o gado. Compraram fuzis de repetição (sistema
mauser). Mas antes de chegarem à fazenda, foram atacados por Anuvila e dezoito Caduveo que mataram muitos homens do Rio Grande. Os outros se fecharam nas casas. Os caduveo os assediaram. Havia lá encerrados cento e vinte gaúchos. Tinham somente facões. Um valente correntino, Miguel Pires, apoderou-se corajosamente de um fuzil Remington.
Feriu um Caduveo que estava trepado no telhado. Os outros fugiram para as florestas. Os refugiados do Rio Grande pensavam que havia lá muitas centenas de índios. Nesse momento nasceram grande desconfiança e muito medo nos dois partidos. Os infelizes Caduveo foram perseguidos como caça, de um lugar para outro. Não puderam nem fazer plantações nem construir aldeias.”9
7. “Nouvelle contribution a l’étude de la vie et du langage des
Kaduveo”, in Journal de la Société des Americanistes, NS, t. XXV,
Paris, 1933, 253-254.
8. Não seria coronel Bento Xavier? Tudo indica que sim, pois
Bento Xavier, por algum tempo, trabalhou na caça ao gado alçado,
na fazenda de Malheiros.
9. Apud Guido Boggiani, “Os Caduveo”, p. 37.
Alguns gaúchos já estavam, porém, radicados na região antes da grande migração, que ficaram na região depois da desmobilização ocorrida no fim da Guerra do Paraguai, o que facilitou a acomodação dos chegantes, cuja maioria nunca mais regressou aos pagos, mas deixou-se ficar na nova querência onde havia pastagens para o gado e o mate para o chimarrão tradicional.
A região fronteiriça era como que um prolongamento dos pampas. Tudo isso colaborou para que os rio-grandenses se sentissem em casa.
Os gaúchos Felipe de Brum e Adão de Barros destacaram-se então como anjos tutelares em assistência às comitivas chegantes depois de caminharem por três ou mais meses pelos sertões da Argentina e do Paraguai, enfrentando toda sorte de perigos, além de assaltantes correntinos que infestavam aquelas paragens.
Entre os rio-grandenses radicados na fronteira Brasil-Paraguai, destacou- se o coronel Bento Xavier, que após anos de vida pacata transformou- se em elemento perigoso, rebelando-se contra o governo estadual, não deixando de constituir motivo de desassossego para muita gente, inclusive para os habitantes de Campo Grande, cidade por ele assaltada, onde encontrou a reação destemida de Amando de Oliveira.
Em Nioaque, então próspera cidade sulina, centro de reações políticas, refugiara-se, em 1901, o advogado rio-grandense João de Barros Cassal, tribuno famoso que fizera parte do “governicho” que dominou o Rio Grande após a renúncia de Júlio de Castilhos em 1891.
Possuidor de esplêndida facilidade de comunicação, arrastava, graças ao seu verbo inflamante, verdadeiras multidões quando ainda em Porto Alegre. Em Nioaque aliou-se a João Ferreira Mascarenhas, segundo vice presidente do Estado, revolucionário mato-grossense. Como advogado de inúmeros posseiros, revoltou-se contra a morosidade e a indecisão do governo de Cuiabá em deferir os processos dos quais era patrono, mas que não interessavam a Mate Laranjeira e aos seus aliados, os irmãos Murtinho. Tendo sido paladino da liberdade no Rio Grande, em Mato Grosso tornou-se divisionista, pregando a separação do sul do Estado.
Não foi maior a sua contribuição ao movimento iniciado pelo capitão João Caetano Teixeira Muzzi, porque a morte o surpreendeu em 1903, vítima de congestão cerebral. Os seus restos mortais, transladados para Porto Alegre, em 1906, foram apoteoticamente recebidos pela população.
Trazendo para a região os seus usos e costumes, os migrantes gaúchos, de mentalidade mais arejada, exerceram grande influência nos meios reinantes na fronteira, onde vegetava uma escassa população semi-ignara, que se comunicava por meio de um linguajar mesclado de português, espanhol e guarani. Durante anos os gaúchos empenharam-se em luta contra o monopólio da Empresa Mate Laranjeira, que se julgava senhora de todos os ervais da região.
Vitoriosa a Revolução de 1930, que alçou o gaúcho Getúlio Vargas à presidência da República do Brasil, foi o rio-grandense coronel Antonino Mena Gonçalves nomeado interventor no Estado de Mato Grosso, o que ensejou reacender no seio da população gaúcha o desejo de transmigrar- se para este Estado. Contudo, poucas famílias concretizaram essa
aspiração.
A década de 70, principalmente nos últimos anos, com a “descoberta” do aproveitamento dos cerrados para a expansão da agricultura, foi marcada com a emigração de paranaenses, catarinenses e especialmente de gaúchos que, economicamente em boa situação, afluíram à região, dedicando- se principalmente à lavoura de cereais, arroz, trigo e soja, transformando os campos e cerrados em verdejantes plantações desde São Gabriel do Oeste a Ponta Porã, inclusive a região da Grande Dourados.
A chegada dos filhos do Rio Grande do Sul, afeitos ao amanho da terra e acostumados ao uso de fertilizantes, até então quase desconhecidos dos antigos habitantes da região, ocasionou verdadeira revolução nos meios agrícolas do surgente Mato Grosso do Sul.
Criado o novo Estado, em 1977, essa migração atingiu o clímax, dada a justa euforia que tomara conta de todos. Em conseqüência, vilarejos até então modorrentos, se transformaram em povoados trepidantes enquanto que outros núcleos populacionais surgiram quase que de um dia para o outro.

Instalado o primeiro governo do Estado, contingências de ordem política ensejaram a nomeação de um governante vindo, coincidentemente, de terras gaúchas. O matogrossês, ao invés de demonstrar repulsa à “invasão” gaúcha, recebeu de braços abertos aos chegantes e, irmanados.

A EXTRAÇÃO DA ERVA MATE - JOSÉ BARBOSA RODRIGUES


Cessado o toque de clarim às margens do riacho paraguaio Aquidabãnigui, onde Solano Lopez expirou vítima da guerra que provocara, o governo imperial brasileiro não se descuidou de estabelecer em definitivo os lindes territoriais brasileiros com a República do Paraguai.
Foi criada então a Comissão de Limites com a finalidade de marcar a linha divisória entre os dois países, de acordo com o princípio do  utis possidetis e das decisões arbitrais.
Os sonhos acalentados pelos conquistadores espanhóis desde os tempos de Irala até Solano Lopez foram afogados pelo rio de sangue que este último provocou no dia de 12 de novembro de 1864, quando aprisionou o vapor Marquês de Olinda.
A Comissão de Limites, que teve os seus trabalhos iniciados a partir de 16 de agosto de 1872, constituída de representantes do Brasil e do Paraguai, tinha como fornecedor um cidadão brasileiro por nome Tomás Laranjeira, natural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. No exercício de suas funções este fornecedor, nas suas andanças pela região, teve ocasião de travar conhecimento dos ervais nativos que constituíam verdadeiras matas em áreas que se estendiam pelos atuais municípios de Dourados, Ponta Porã, Bela Vista, etc.
Aquela riqueza ervateira, que cobria vasta área do atual Mato Grosso do Sul, despertou em Laranjeira, possuidor de espírito prático e empreendedor, que permanecera, depois da Guerra, no Paraguai e conhecera a arte da industrialização da erva, por intermédio do Visconde de Maracaju, seu antigo chefe na Comissão Demarcadora de Limites, que lhe deu a concessão
(Decreto n. 81.799, de 9 de dezembro de 1882) que pleiteava, pois o consumo da erva-mate era grande nos povos do sul do continente.
Antes de 1930, a Argentina consumia aproximadamente 75 milhões de quilos de erva-mate, sendo 60 milhões procedentes
do Brasil, ou seja, do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso. Da região ervateira de Mato Grosso a Empresa Mate Laranjeira e outras pequenas de Foz do Iguaçu contribuíam com 20 milhões. Dentro de pouco tempo, contando com o braço de índios guaranis e de paraguaios, iniciou Laranjeira uma nova indústria extrativa de grande aceitação no comércio sulino, pois a Ilex paraguariensis nativa na região apresentava sabor especial, que superava o dos ervais tradicionais tanto do Paraguai como da Argentina. O campônio paraguaio e o gaúcho dos pampas, afeito aquele ao tereré e este ao chimarrão, passaram a dar preferência ao produto originário da região que ficava acima do rio Apa.
“A exploração dos ervais de Mato Grosso foi realizada principalmente por paraguaios que, falando também o guarani, mais facilmente puderam aliciar os índios para o trabalho, ensinar lhes as técnicas de extração e o preparo da erva e acostumá-los ao uso de ferramentas, panos, aguardentes, sal e outros artigos, cujo fornecimento posterior era condicionado à sua integração, como mão-de-obra, na economia ervateira.” (Darci Ribeiro, OS ÍNDIOS E A CIVILIZAÇÃO, p. 89).
A indústria de Tomás Laranjeira expandiu-se do dia para a noite, passando a constituir fonte estupenda de riqueza até a década de quarenta, no século atual (século 20). Proclamada a República, assumiu o governo de Mato Grosso o general Antônio Maria Coelho, outro companheiro de Laranjeira, o que facilitou um contrato mais amplo para a extração do
mate na extensa região delimitada pelos rios Brilhante e Ivinhema ao norte, o Paraná ao leste, e Iguatemi ao sul e serra de Amambaí ao oeste. Esse contrato foi referendado pelo governo republicano, pelo Decreto n. 520. O Estado passou a lucrar com os rendimentos de imposto, enquanto que povoações iam surgindo na região que antes da Guerra do Paraguai era contestada pelos dois países – Brasil e Paraguai – teatro que era de sortidas freqüentes entre os habitantes da região.
Aos poucos, Tomás Laranjeira construíra um verdadeiro império de trabalho onde o paraguaio, derrotado e necessitado de sobreviver, encontrava, graças ao seu sistema frugal de vida, meios de subsistência. Em épocas certas do ano os ervais silenciosos enchiam-se de vida com a presença dos ervateiros a colher a erva, num trabalho verdadeiramente hercúleo.
Fundado o Banco Rio e Mato Grosso, sob a direção do dr. Joaquim Murtinho, aliou-se a ele Tomás Laranjeira, do que resultou a formação da Companhia Mate Laranjeira, sociedade anônima, com um capital de 15.000 ações, das quais Laranjeira ficou com apenas 110. Mais tarde, assumindo o governo de Mato Grosso o dr. Manuel Murtinho, mano do responsável pelo Banco Rio e Mato Grosso, o Estado arrendou àquela as terras devolutas situadas entre o ribeirão Onças, a serra de Amambaí, o ribeirão São João e os rios Dourados, Brilhante, Ivinhema e Paraná. Em 15 de julho de 1893, essa área foi acrescida com todo o vale do Santa Maria, pela Resolução Legislativa n. 103.
Tomás Laranjeira, nome hoje em dia pouco conhecido das novas gerações, foi com a indústria extrativa um pioneiro, verdadeiro bandeirante, que muito fez no sentido da conquista e do desbravamento da região. Hoje em dia o seu nome é lembrado apenas nas referências históricas ligadas à Companhia Mate Laranjeira, que passou, no século 20, a constituir
um estado dentro do Estado, formada por capital argentino e dirigida pelos representantes de seus acionistas.
A história desta Companhia, que ainda não foi escrita totalmente, é cheia de altos e baixos, estes quase sempre prejudiciais ao desenvolvimento regional, o qual somente pôde ser devidamente levado avante com a reação de governos de Mato Grosso, que aos poucos foi cortando as suas asas e contendo as suas arrancadas expansionistas.
É inegável a existência de alguns saldos positivos deixados pela Mate Laranjeira, como a abertura de estradas, a criação de localidades como Porto Murtinho, antiga fazenda Três Barras, em plena região pantaneira, por onde era exportado o produto da extração ervateira.
A intolerância dos donos da Mate Laranjeira para com os brasileiros que chegavam principalmente do Rio Grande do Sul, fugindo às impiedosas “guerras caudilhescas” que enlutaram aquele Estado no fim do século 19 e início do século 20, ensejou por parte destes um ambiente de revolta contra o domínio da Empresa argentina, que não permitia o estabelecimento de outras atividades que não a extração ervateira de seu interesse, o surgimento do Movimento Divisionista, que teve por berço Nioaque. Ali repercutiu o brado de Muzzi, que ecoou na revolta de Mascarenhas, coadjuvado pelo advogado Barros Cassal, que ali se homiziara, vindo de Porto Alegre, por perseguição política.
Além de Porto Murtinho, as povoações de Ponta Porã, Bela Vista e Colônia Penzo (atual município de Antônio João) e Dourados foram localidades que se formaram durante este período marcante de após guerra, na região ervateira.
Com as ampliações verificadas no decorrer da concessão, a área ocupada pela Mate Laranjeira atingiu a mais de 1.600 léguas quadradas!
A fim de facilitar a exportação do produto, o Banco de Murtinho adquiriu à margem esquerda do rio Paraguai a fazenda Três Barras, abaixo do Fecho dos Morros, e fundou Porto Murtinho.
Passando ao controle da Mate Laranjeira, da qual era o maior acionista o Banco Rio e Mato Grosso, a indústria idealizada por Tomás Laranjeira expandiu-se muito além da expectativa, tornando-se o governo de Mato Grosso sem forças para interferir efetivamente na região, não faltando em alguns períodos governamentais a influência da Empresa, ligada a próceres políticos influentes. A localidade de Campanário, na região de Ponta Porã, sede administrativa em Mato Grosso, da Mate Laranjeira, tornou-se durante alguns anos como que uma cidade medieval fechada a quem quer que fosse, um delegado de polícia ou mesmo um juiz de direito. As autoridades designadas pelo governo estadual eram simplesmente corrompidas se quisessem manter-se no cargo. Até mesmo o governo estadual, nos seus momentos de apertura financeira, recorreu a empréstimos e garantias que a Empresa atendia com vistas à aquisição futura da extensa área objeto da concessão.
A Mate Laranjeira “tão desproporcionadamente prosperou, em relação à economia mato-grossense, que, por fim dispunha de recursos com que pudesse intervir na política estadual, franca ou veladamente.(....). Conseqüência fatal de tal pujança, com o apoio fortalecia os governos amigos, do mesmo passo que perturbava, com sérias hostilidades, as administrações ou partidos adversos”. (V. Correia Filho, PEDRO CELESTINO, p. 102). n. 1 – setembro de 2003
O domínio adquirido pela Mate Laranjeira baseava-se em contrato que firmara com o governo de Mato Grosso a 2 de agosto de 1894, contrato pelo qual lhe era dada a permissão para colher a erva a ser industrializada e comerciada “desde as cabeceiras do rio das Onças, na serra de Amambaí, pelo ribeirão S. João e nos Dourados, Brilhante, Ivinhema e Paraná até a serra das Onças”. Entrando em liquidação o Banco Rio e Mato Grosso, proprietário de 14.500 ações de um total de 15.000, do qual era presidente Manuel Murtinho, a concessão de exploração dos ervais, que perduraria até junho de 1916, passou para a firma Laranjeira, Mendes e Cia., com sede em Buenos Aires, sendo a transferência da concessão
autorizada por lei especial de 19 de maio de 1902.
Além de estradas carreteiras abertas pela Mate Laranjeira, esta construiu uma estrada de ferro no Estado do Paraná ligando Guaíra a Porto Mendes, com a estação intermediária, Dr. Oliveira Castro, vencendo a região não-navegável de Sete Quedas. A última composição trafegou em 1954. A sua principal estação foi submersa, em 1982, com a formação da represa de Itaipu. Também em Porto Murtinho uma outra fora construída para transporte do produto das colheitas, desde os ervais até o cais de embarque, no rio Paraguai.
Desentendimentos políticos em Cuiabá, que não vem a pêlo historiar neste trabalho, protelaram durante anos uma decisão definitiva sobre a concessão para a exploração da erva-mate, apesar da proteção dispensada à Empresa pelo senador Antônio Azeredo, que enfrentava a campanha de defesa dos interesses do Estado e dos povoadores da região movida pela figura varonil de Pedro Celestino Correia da Costa. Enquanto essa situação perdurava, os ervais do Paraná passaram a ser mais bem explorados e a Estrada de Ferro Noroeste ia avançando sobre a região sulina de Mato Grosso. Em conseqüência, a indústria ervateira do antigo império da Mate Laranjeira entrava em declínio.
Para se ter uma idéia do quanto o contrato da concessão interessava à Empresa, basta que se diga que sobre a produção de uma área de 1.400.000 hectares o Estado recebia apenas a importância de trezentos e cinqüenta mil réis, até seis milhões de quilos de erva exportados.
No governo de Dom Fr. de Aquino Correia, eleito graças a um acordo entre as correntes políticas, títulos de propriedade de terras começaram a ser expedidos aos posseiros que conseguiram radicar-se na região.
Foi somente após a Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao Poder, com a mudança da mentalidade reinante na chamada República Velha, que a Empresa entrou em paulatina liquidação de suas propriedades.
O governo federal desapropria as instalações de Guaíra e o serviço de navegação que a Mate Laranjeira mantinha no alto Paraná, acabando com o monopólio que subsistiu durante setenta anos.
Como decorrência dessas medidas, novos povoadores foram entrando na região, surgindo núcleos populacionais hoje transformados em municípios.
Na região de Dourados, a Colônia Federal, criada pelo governo brasileiro, atraiu centenas de pequenos produtores rurais que foram desbravando a área que era coberta por ricas matas, cujo solo se mostrava propício à lavoura e à formação de viçosas pastagens.
Coube ao governo de Arnaldo Estêvão de Figueiredo (1947-1950), com a sua política de terras, dar o tiro de misericórdia na Mate Laranjeira, acabando com o agonizante império iniciado por Tomás Laranjeira.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Mboroviré - A erva-mate no Paraguai colonial - Paulo Cezar Vargas Freire

Esta dissertação estuda o processo de formação de fronteiras na região em que predominou a produção ervateira, durante o período colonial do Paraguai (1534-1811).Analisa a sobreposição dessas fronteiras e dos domínios políticos, identificando-os no espaço geográfico e temporal. Investiga também a inter-relação entre a inserção social e econômica da atividade ervateira no mercado colonial e as mudanças ocorridas na apropriação do trabalho, em um contexto de migrações regionais e sociais. Por último, discute as consequências da pressão portuguesa sobre os conflitos de interesses na região.

sábado, 16 de agosto de 2014

CAÁ - A FORÇA DA ERVA - DOCUMENTÁRIO

Este documentário resgata a época do ciclo da erva mate, um período de extrema importância na história de Mato Grosso do Sul. Grande parte da região sul do então estado do Mato Grosso era ocupada por ervais nativos e a exploração desses ervais foi uma forma de alavancar a colonização e crescimento econômico da região. Neste documentário, é mostrado através de entrevistas com personagens que viveram naquela época, além de entrevistas com pesquisadores e historiadores.  Caá - A Força da Erva mostra um panorama que vai desde a Cia. Matte Laranjeira e a exploração dos paraguaios, muitas vezes de forma brutal nos ervais até os dias de hoje.
Direção: Lú Bigatão
Produção: Ubirajara Guimarães
Roteiro: Rosiney Bigattão
Direção de fotografia: Zédu Moraes e Dalmo de Oliveira
Duração: 60 min.
Ano: 2005
Apoio: FIC - Fundo de Investimentos Culturais, Prefeitura Municipal de Dourados.

Realização: Teatral Grupo de Risco.

Link: http://www.4shared.com/video/wcmyEMbDce/CAA_A_FORCA_DA_ERVA.html

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Mato Grosso do Sul - Uma trajetória divisionista - Alisolete Antonia dos Santos Weingärtner

A criação do Estado de Mato Grosso do Sul é resultado de um longo movimento, com características sócio–econômicas, políticas e culturais, que permeou sua formação histórica recente. A resistência sul-mato-grossense é uma das peculiaridades que entremeiam a história de Mato Grosso do Sul desde os primeiros tempos de conquista espanhola, depois luso-brasileira. Em cada período histórico e resistência sul-mato-grossense aparece com uma conotação.

Memórias Portuguesas no MT - Cultura e história nas relações étnicas em Mato Grosso no século XIX - Maria Fátima Roberto Machado


Este trabalho tem como objetivo fazer uma abordagem antropológica de uma memória escrita pelo português Joaquim Ferreira Moutinho no século XIX, sobre sua experiência de 18 anos em Mato Grosso, com ênfase na interpretação etnográfica de suas impressões sobre os povos indígenas. É parte de um projeto de pesquisa mais amplo, voltado para a elaboração de uma história das relações étnicas em Mato Grosso, tendo como instrumento de reflexão não só documentos oficiais, mas principalmente registros, impressões, descrições, notícias e relatos históricos existentes nos arquivos de Lisboa, Coimbra e Évora.

MARQUEI AQUELE LUGAR COM O SUOR DO MEU ROSTO - Os colonos da Colônia Agrícola Nacional de Dourados – CAND - (1943 -1960) - SUZANA GONÇALVES BATISTA NAGLIS

Com o intuito de povoar, ocupar os espaços considerados vazios e promover a pequena propriedade, foi criada em 1943 a Colonia Agricola de Dourados - (CAND), durante o Estado Novo no Sul do então Mato Grosso. A CAND, estava inserida no contexto da Marcha para o Oeste e na politica de nacionalização das fronteiras. Conhecer como foi estar e viver na condição de colono, é relevante, pois o colono se tornou a peça fundamental na implantação da CAND, e que definiu os rumos dessa colonização.

Marcha para Oeste e o antigo sul de Mato Grosso - a exploração da madeira na Colônia Agrícola Nacional de Dourados - CAND (1950-1970) -ANA PAULA MENEZES

Concomitante ao surgimento de outras colônias agrícolas nacionais criadas durante o Estado Novo Brasileiro, surge a Colônia Agrícola Nacional de Dourados, criada pelo decreto-lei nº 5.941 de 28 de outubro de 1943, no município de Dourados, sul do antigo estado de Mato Grosso (região que, na época, constituía o Território Federal de Ponta Porã) (OLIVEIRA, 1999; PONCIANO, 2006; QUEIROZ, 2008). A área total delimitada pelo governo federal à CAND era de 300.000 ha, mas acabou sendo reduzida para 267.000ha, divididas em duas zonas, uma à esquerda do rio Dourados com 68.000ha e a segunda com 199.000ha à direita do rio. (PONCIANO, 2006; NAGLIS, 2008). Com a implantação desta colônia, a região sofreu profundas transformações em seu quadro demográfico, econômico, social, ambiental e cultural.

LAJEDOS COM GRAVURAS NA REGIÃO DE CORUMBÁ MS - MARIBEL GIRELLI

A presente estudo refere-se a gravaras rupestres em quatro lajedos horizontais localizados no sopé de morros, no município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Encontram-se os mesmos na fronteira entre a vegetação chaquenha e a floresta densa, próximas ao Pantanal, mas fora da influencia direta deste. Busca-se, no estudo, saber como as gravaras foram produzidas, que grafismos foram usados, qual a lógica de sua composição e qual a semelhança com sítios de outras áreas. Para chegarmos a estas respostas utilizamos uma análise tipológica. Depois buscamos o contexto natural e cultural dessas composições.

História e Memória da Fronteira do Mato Grosso com o Paraguai - Carla Villamaina Centeno

Este trabalho apresenta parte de um estudo de crítica historiográfica realizada com memorialistas e historiadores que trataram da fronteira de Mato Grosso com o Paraguai no período compreendido entre os anos 1920 a 1950.

HISTÓRIA DE MATO GROSSO, DE VIRGÍLIO CORRÊA FILHO, E SEU PROJETO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA - SILVA, André Luiz de Jesus e MARIN, Jérri Roberto.

O presente trabalho que ora se expõe visa investigar a obra História de Mato Grosso, escrita em 1969, por Virgílio Corrêa Filho e sua importância na construção de uma identidade local. O livro insere-se na redefinição da identidade mato-grossense ao construir e delimitar uma memória que promovesse um consenso entre as elites políticas do Estado com o fim de criar uma ―memória de consenso instituída.

História das mulheres na guerra do Paraguai: fome e doenças sob a ótica do poder patriarcal - Maria Teresa Garritano Dourado

Um caso clássico da Guerra do Paraguai (1864-1870), que tem gerado uma imensa produção bibliográfica nos séculos XIX, XX e XXI, não somente nas quatro nações que lutaram, mas também em diferentes países do mundo refere-se em ,uitos aspectos o que ficou oculto e que gerou, durante séculos,desconhecimentos em algumas áreas, o que produziu lacunas na historiografia, principalmente,acerca da participação das mulheres, dos índios, dos velhos e das crianças de pouca idade, um exército invisível que acompanhava os exércitos e já detectado por alguns pesquisadores.
Link: http://www.4shared.com/office/UFmgLt_Uce/Histria_das_mulheres_na_guerra.html

FRONTEIRA, MITOS E HERÓIS - A CRIAÇÃO E APROPRIAÇÃO DA FIGURA DO TENENTE ANTÔNIO JOÃO RIBEIRO NO ANTIGO SUL DE MATO GROSSO - CAMILA CREMONESE-ADAMO

O objetivo desta dissertação é analisar a criação e incorporação da figura heróica do Tenente Antônio João Ribeiro no sul do antigo Mato Grosso. O ataque paraguaio à Colônia Militar dos Dourados, que resultou na morte do comandante Antônio João no início da Guerra do Paraguai, foi um acontecimento de pouca expressão para o conflito, e permaneceu praticamente no anonimato até ser recuperado pelo Exército brasileiro nas primeiras décadas do século XX.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

FORTE IGUATEMI: ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA DE UM EMPREENDIMENTO COLONIAL NO SUL DA CAPITANIA DE MATO GROSSO - Bruno Mendes Tulux

Este artigo consiste em apresentar breves considerações sobre o Forte Iguatemi, empreendimento militar fundado pelo governo de São Paulo na região meridional da Capitania de Mato Grosso durante a segunda metade do século XVIII. Primeiramente é preciso lembrar que a instalação deste forte não foi uma ação isolada, pois, neste mesmo período, foram fundados ainda outros três pontos de defesa nesta mesma Capitania, o Forte Príncipe da Beira, o Forte Coimbra e o Presídio de Miranda. Essas ações conjuntas, de certa forma, tiveram o intuito de guarnecer a fronteira colonial mato-grossense, formando um primitivo sistema de defesa, ainda pouco explorado pela história e pela arqueologia.

O forte de Iguatemi - Atalaia do império colonial e trincheira da memória dos índios Kaiowás da Paraguassu - Ana Maria do Perpétuo Socorro dos Santos

Os Guarani-Kaiowá de Mato Grosso do Sul, em seu involuntário relacionamento com a sociedade nacional, passaram por diferentes situações históricas. Do inicio da conquista européia até o século XX esta população indígena esteve sempre em situações de conflito com as potências europeias. Jesuítas, Bandeirantes, Guerra do Paraguai, Cia. Mate Laranjeira e nos dias de hoje enfrentam novas frentes de expansão capitalista. A sociedade Kaiowá enquanto sociedade que procura sobreviver mesmo em desvantagem em relação à sociedade nacional extrai de seu imaginário social a força que necessitam para continuar existindo e projetando seu futuro. Para tanto, pretendemos levantar questões sobre a história vivida (memória coletiva) sobre o Forte Iguatemi pela comunidade Kaiowá da aldeia Paraguassu e relacioná-la com a história construída (produção historiográfica). A lembrança do Forte é um elemento integrador da identidade étnica e adquire um significado politico uma vez que atesta a imemorialidade na ocupação do território por este grupo, referendando a legitimidade atual da ocupação da terra. A lembrança do Forte torna-se uma representação coletiva desse grupo.

FORTE DE IGUATEMI - 246 ANOS

Forte do Iguatemi - 246 anos

TERRA DE NINGUÉM – Na segunda metade do século 18, o sul da então capitania de Mato Grosso era território abandonado. Havia, em verdade, a fazenda Camapuã, fundada em 1719. O forte de Coimbra seria fundado somente em 1775. Assim, ficaria fácil aos espanhóis do lado oeste da serra de Maracaju (ou Amambaí), ocupar principalmente toda a bacia do rio Iguatemi.
MORGADO DE MATEUS – O governador da capitania de São Paulo, D. Luís Antônio de Sousa (Morgado de Mateus) recebeu ordens da coroa portuguesa para estabelecer uma via de fixação de colonos, partindo de Campinas (SP) até o rio Iguatemi (MS), exatamente para garantir a posse portuguesa.
PRESÍDIO – O Morgado de Mateus promoveu o reconhecimento dos sertões do rio Tibagi, no Paraná (que pertencia à capitania de São Paulo), e do rio Iguatemi, onde foi fundado, em 1767, um presídio, com o nome de Praça de Armas Nossa Senhora dos Prazeres e São Fernando de Paula. Por presídio entendia-se uma praça fortificada, habitada pelos soldados, suas famílias e agregados.
LOCALIZAÇÃO – O presídio, conhecido como de Iguatemi, não ficava onde está a cidade homônima e, sim, distante dela, nas proximidades do antigo porto 1.° de Outubro (onde terminava a navegação no rio Iguatemi) ou da estrada que vai de Paranhos a Sete Quedas, hoje no município de Paranhos.
PRIMEIROS POVOADORES – Os primeiros moradores do presídio chegaram naquele ano: eram trezentos e sessenta homens, sob o comando de João Martins de Barros. No ano seguinte, chegavam setecentos povoadores, que receberiam terras para nelas se fixar, além de trinta soldados.
SARGENTO JUZARTE – No dia 13 de abril de 1769, partia de São Paulo, para o presídio do Iguatemi, uma grande monção, comandada pelo sargento-mor Teotônio José Juzarte, levando armas de guerra e munições e “toda casta de criações e animais para a produção” e instrumentos para a lavoura.
A MONÇÃO – Descendo o rio Tietê, a monção entrou no Paraná, enfrentando doenças e escassez de alimentos, alcançando a foz do Iguatemi no dia 24 seguinte, onde algumas canoas, vindas da praça, foram esperá-la.
O RIO IGUATEMI – Subindo o rio Iguatemi, facilmente navegável no início, atentos com os possíveis ataques dos índios caiuás, os expedicionários atingiram, no dia 12 de junho, o presídio, que não se preparara para recebê-los, como casas, alimentos e sal (este era monopólio da coroa portuguesa).
DIFICULDADES – Com a fome, vieram as doenças. Os caiuás passaram a fazer o cerco aos povoadores tanto nas roças, que iniciavam, como na própria praça de guerra, ainda nos alicerces. Ainda: o conflito entre Portugal e Espanha dificultava a compra, em terras espanholas, de animais para abate.
NOVOS REFORÇOS – Em 1771 chegava, ao presídio do Iguatemi, pequeno reforço, vindo do Paraná, comandado pelo capitão Francisco Aranha Barreto. Receberia o presídio, pouco depois, novos suprimentos da capitania de São Paulo. No entanto, as doenças grassavam endemicamente, estando os habitantes sitiados pelos caiuás.
ABANDONO – Em 1775, o Morgado de Mateus foi destituído. Seu sucessor não tinha o mesmo interesse, deixando o presídio à própria sorte. Em 27 de outubro de 1777, o presídio tomado pelos espanhóis, batendo os poucos soldados que ali guardavam as terras para el-rei.
IRONIA – Em fevereiro de 1777, após vários tentativas frustradas, Portugal e Espanha assinaram um tratado de paz, cuja notícia não chegou a tempo de evitar a luta final entre os moradores do Iguatemi e os invasores.
FONTES – Juzarte deixou o diário de sua navegação, facilmente encontrável. Outras informações, em História de Mato Grosso do Sul (H. Campestrini & Acyr Vaz Guimarães, 5. ed., IHGMS, p. 36-39).

Escravidão Negra em Mato Grosso – dominação, violência e resistência - Profª. Dra. Maria do Carmo Brazil Gomes da Silva

Este trabalho tem a intenção de contribuir para o estudo da história social da escravidão, ressaltando os mecanismos de dominação utilizados pelos senhores e,  sobretudo, as formas de resistência da mão-de-obra cativa numa região não tradicionalmente estudada: Mato Grosso. As dezenas de títulos e teses publicados, sobretudo a partir do centenário da Abolição, sobre o significado e as características da escravidão no Brasil, foram realizadas à luz de novos fatos e de amplo espaço dedicado à questão da rebeldia escrava. Como a resistência do negro resultava dos conflitos estabelecidos nas relações sociais de produção, é preciso colocar, em primeiro lugar, o estudo dessas manifestações em suas reais dimensões. Isto é, investigar o caráter variável e específico de cada região do Brasil escravista e, aí sim, contribuir para a montagem de um mosaico constitutivo e revelador da história social da escravidão no país.
Link para o artigo: http://www.4shared.com/office/t_mwrOHl/Escravido_negra_em_Mato_Grosso.html

EDUCAÇÃO E FRONTEIRA COM O PARAGUAI NO PENSAMENTO DOS MEMORIALISTAS - 1870-1950 - Carla Villamaina Centeno

Este trabalho tem por objeto o estudo das abordagens de quatro memorialistas sobre a fronteira de Mato Grosso com o Paraguai e as formas de educação desenvolvidas neste espaço entre os anos de 1870 a 1950. O objetivo é interpretar o pensamento de autores que foram pouco explorados pela historiografia.
Os autores aqui analisados envolveram-se diretamente com as questões tratadas, foram protagonistas dos relatos e registraram impressões sobre o passado próximo ou sobre o presente, com base em suas lembranças, sem a pretensão de abordar a história de forma sistemática. Geralmente, escreveram sob a forma de crônicas e consultaram, sobretudo, fontes orais. Não revelaram rigor nas citações de suas fontes ou omitiram-nas inteiramente, o que não significa desinformação nem ausência de consultas, inclusive, às fontes escritas Link: http://www.4shared.com/office/t3U1tNj8/EDUCAO_E_FRONTEIRA_COM_O_PARAG.html

terça-feira, 23 de julho de 2013

CONFLITOS E NEGOCIAÇÕES ENTRE COLONOS E ÍNDIOS GUARANI NO MATO GROSSO (1880-1910) - BRAND, Antônio e OUTROS

O trabalho está inserido no projeto “Conquistadores, colonizadores e fazendeiros: a história das fronteiras guarani no Mato Grosso (1748-1910)”, e pretende-se trabalhar os conflitos decorrentes da ocupação por frentes migratórias no território dos Guarani, no atual Mato Grosso do Sul, atentando, também, para eventuais negociações e trocas estabelecidas entre colonos e índios na então Província de Mato Grosso. Este trabalho abrange o período que vai desde o fim da Guerra do Paraguai e a criação da Companhia Matte Larangeira, na década de 1880, até 1910, quando se funda o Serviço de Proteção aos Índios.

A COLÔNIA AGRÍCOLA MUNICIPAL DE DOURADOS COLONIZAÇÃO E POVOAMENTO:1946-1956 - MARIA APARECIDA FERREIRA CARLI


O presente estudo procura analisar determinados aspectos relevantes relacionados ao processo de colonização e povoamento da Colônia Agrícola Municipal de Dourados, no período de 1946-1956. Entende-se como importante o desenvolvimento do processo de implantação e delimitações das áreas destinadas aos colonos, as questões do processo migratório, as formas de organização e produção.

BIBLIOGRAFIA sobre FERROVIAS e PATRIMÔNIO FERROVIÁRIO

Para quem gosta ou necessita pesquisar o tema FERROVIAS, esta é uma boa bibliografia para iniciar os estudos sobre o tema.
Acesse o Link: http://www.4shared.com/office/Z6m0nlA7/BIBLIOGRAFIA_sobre_FERROVIAS_e.html

X SEMANA DE HISTÓRIA 2007 História em movimento: caminhos, culturas e fronteiras - UFMS

A X Semana de História, realizada de 24 a 28 de setembro de 2007, aborda a temática: “História em Movimento: Caminhos Culturas e Fronteiras” e tem como objetivo proporcionar a aproximação entre pesquisadores de História e outras áreas das Ciências Humanas. Além disso, se propõe a realizar um debate amplo com a participação não só da comunidade acadêmica como também de alunos e professores da rede de ensino fundamental, médio e demais interessados.
Acesse o Link: http://www.4shared.com/office/YV15xM7T/Anais_-_X_Semana_de_Histria_-_.html